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24 de janeiro de 2022

A Palavra de Deus. Ópio ou força de vida?

Pe. Miguel Ramon

Em muitas igrejas se fala da importância de ler, estudar e meditar a Palavra de Deus. No contexto de uma realidade social em que sempre mais pessoas duvidam da possibilidade de encontrarem uma saída para seu desespero, precisamos nos perguntar para quantas pessoas a Palavra de Deus realmente é uma força, uma fonte de coragem e compromisso com a vontade de Deus que quer ver todos vivendo com dignidade.

Desde o relato da criação fica evidenciado que Deus criou tudo bem-feito e confiou ao homem a tarefa de cuidar com zelo das plantas, das árvores, de toda a natureza, de todos os seres vivos e da casa comum.

Estamos sempre mais confrontados com os estragos que o ser humano causa, destruindo aos poucos até a própria possibilidade de sobrevivência do planeta Terra.

Neste contexto, a Palavra de Deus, especialmente tal qual é revelada em Jesus pode ser uma inspiração para voltarmos à nossa condição de criaturas, filhos e filhas de Deus. Seu Espírito Santo, agindo em nós, pode nos dar força para nos colocarmos à disposição, colaborando na "restauração" da maravilhosa obra de Deus em toda a natureza e em todas as relações humanas. Não devia ter mais ninguém passando fome, desesperado em filas diante de hospitais para receber vacina ou atendimento médico, desanimado e desiludido em busca de um trabalho digno. A força do Espírito que moveu Jesus devia mobilizar todos os seus seguidores. Os cristãos são chamados a serem portadores de esperança ativa para os desesperados. Deviam ser agentes de transformação, colaboradores na construção de uma sociedade em que a justiça, a solidariedade e a busca da paz resplandecem. A missão de ser “sal da terra e luz do mundo” seria assumida com alegria e entusiasmo.

Na realidade, constatamos que sempre mais a Palavra de Deus é usada para cegar os olhos, para criar ambientes artificiais de religiosidade que acomodam e tranquilizam as consciências. Cria-se um cristianismo individualista e consumista, longe de preocupações com a vida sofrida do irmão. Sirva apenas como remédio para os anseios do próprio coração. Perde-se a compreensão e o impacto revolucionário da Palavra, desvia-se perigosamente da proposta de Jesus que disse: quem quer salvar sua vida deve perdê-la. O cristão dá sentido à sua vida e a ganha para a eternidade, perdendo-a no amor e no serviço a Deus e ao irmão.

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