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06 de novembro de 2023

Honrar os mortos

Pe. Miguel Ramon

Em muitos filmes de terror, há cenas em que mortos saem dos seus túmulos e terrorizam as pessoas que encontram pelo caminho. Estes cadáveres que voltam a viver são capazes de assustar e amedrontar das mais variadas formas suas vítimas.
Estas imagens continuam fortemente presentes nas ideias e nas crenças que guardamos na cabeça a respeito dos mortos e aparentemente com bastante influência sobre a maneira como nos relacionamos com os que deixaram a vida terrestre. Não são poucas as pessoas que vivem com medo dos mortos. Continua a crença que eles possam voltar vivos na terra e trazer algum mal para elas mesmas ou seus familiares. Em muitas culturas e religiões há práticas rituais para afastar este perigo.

Outro aspecto do culto aos mortos vem da crença que depois da morte a pessoa continua com a aparência corporal que tinha ainda em vida. Temos dificuldade de entender e de aceitar que o corpo imortal não é igual ao corpo mortal em que vivemos neste mundo. A fé na ressurreição não significa simplesmente a transposição do corpo carnal para a eternidade. Torna-se um corpo espiritual em plena comunhão com Deus (Cf. Carta de Paulo aos Coríntios: 1 Cor 15, 42-44).

Também Jesus Ressuscitado não “aparece” aos discípulos com o mesmo corpo de antes, ainda que seja ele mesmo, guardando sua própria identidade. Nem é um fantasma nem outra pessoa. É o Cristo Glorioso, com o corpo marcado com a plenitude da glória de Deus. Nele se manifesta de forma clara e definitiva que em Deus existe a plenitude da Vida, destino final de todos os mortais que nele colocam sua esperança.
Ao celebrarmos o dia de Finados podemos assim lembrar com muita gratidão a vida dos nossos entes queridos. Faz bem recordá-los no silêncio do coração, olhar algumas fotografias e lembranças deles. Não devemos nos esquecer do bem que fizeram e dos exemplos que deixaram para nossa vida. Quem sabe, pode ser uma oportunidade para perdoar novamente algum mal que possam ter feito, para tirar definitivamente alguma mágoa guardada no coração.

Numa perspectiva de fé, que une vivos e mortos no amor de Cristo, podemos fazer uma oração para e com os familiares, amigos e conhecidos falecidos. Podemos rezar pela sua plena felicidade no abraço amoroso do Pai, contando com sua presença amiga na nossa própria vida e, sobretudo, cultivando a esperança de, deixando para traz nosso corpo mortal, com um corpo ressuscitado e transformado, um dia chegar junto deles na eterna Luz de Deus.

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