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21 de Agosto de 2023

Os convidados para a Festa

Pe. Miguel Ramon

Regularmente aparecem em revistas, nos jornais e nas redes sociais, reportagens, fotos e vídeos de festas luxuosas promovidas por astros do futebol, por estrelas do cinema ou outras pessoas famosas. Quando há festas de casamento ou de aniversários especiais de ídolos mediáticos, são publicadas as mais diversas matérias para mostrar ao grande público o esplendor e a grandiosidade dos eventos. Muitas vezes são festas exorbitantes regadas a muita bebida e comidas requintadas em lugares paradisíacos e encantadores como castelos e hotéis exclusivos. São somente convidados especiais que têm acesso. Neste mundo de famosos organizam-se também festas onde só participam pessoas que têm muito dinheiro para pagar o ingresso.

Também a nível popular encontramos festas de todo tipo. Distribuem-se convites para casamentos, festas de aniversário, comemorações de datas especiais, confraternizações, celebrações entre amigos. Na maioria são pessoas da família ou do círculo dos mais próximos que participam. Não faltam motivos para festejar. E, em geral, não há necessidade de comprar ingressos ou de contribuir com muito dinheiro. São festas onde todos têm livre acesso.

O que pode nos preocupar é que, nos últimos anos, em ambientes religiosos se multiplicaram as festas e os eventos com o objetivo de arrecadar fundos. Tem carnaval, tem festa de São João, tem festa da paróquia e dos padroeiros. Tem inúmeras ocasiões para envolver os fiéis em festividades. Podem ser momentos de grande alegria e de confraternização. Há quem confunde e reduz a estes eventos a Alegria do Evangelho. O risco é grande que a nível bem mais simples se repetem as práticas que são costumeiras no mundo das elites. Só participa quem pode pagar o ingresso ou vestir a camisa apropriada. É bem-vindo quem tem dinheiro para gastar. Mesmo que o objetivo seja nobre, como cristãos temos que nos perguntar se esta prática está bem alineada com o Evangelho. É grande o perigo de repetir as atitudes das lideranças religiosas do tempo de Jesus que excluem em vez de incluir colocando todo tipo de barreiras.
A preocupação exagerada com o dinheiro e a conservação dos bens da Igreja pode afastar da missão que Jesus confiou aos seus discípulos de convidar para a festa os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos. (Cf. Lc 14, 21) Devia ser marca das festas cristãs ter a preocupação com a participação das pessoas que quase nunca recebem convites especiais ou que raramente podem se sentar à mesa para comer e beber à vontade, para realmente se sentir acolhida e em casa. Talvez se perca dinheiro, mas se ganha em testemunho evangélico e cristão.

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