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25 de abril de 2022

Viver como ressuscitados. (parte 2)

Pe. Miguel Ramon

Na primeira parte desta reflexão sublinhamos que mais importante do que pensar a respeito da Ressurreição de Jesus como fato do passado ou como projeção para o futuro, vida após a morte, é ver as suas implicâncias para a vida presente.

É assim que o Apóstolo Paulo o entendeu quando escreveu aos Colossenses: “fostes sepultados com Ele no batismo, e com Ele foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.” (Col 2,12) Ele confirma este entendimento na mesma carta no capítulo 3: “Portanto, visto que fostes ressuscitados com Cristo, buscai o conhecimento do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Pensai nos objetivos do alto, e não nas coisas terrenas.” (Col 3,1)

O ser ressuscitado refere-se à situação atual em que vivem os batizados de Colossos e de todos os tempos e lugares. É uma vida nova não mais marcada pelo pecado, mas sim conduzida pela fé no poder de Deus que transforma morte em vida na pessoa de Jesus, mas igualmente em cada pessoa que o segue pelo caminho. É pensar no projeto de Deus e não mais prosseguir com ambições mundanas e se deixar levar por desejos demasiadamente individualistas. É percorrer passo a passo a trilha do amor esquecendo-se a si mesmo na doação ao próximo.

Viver como ressuscitados significa viver em Cristo, se deixar guiar pelo seu Espírito para superar qualquer situação de desânimo, pessimismo, desespero e falta de coragem para enfrentar as situações de sofrimento e de morte presentes na própria vida e na sociedade em que vivemos. Mesmo vivendo situações difíceis, a fé na ressurreição motiva nossa esperança. Sempre existe a perspectiva de mudança e superação. A força do amor sempre será mais forte do que todas as formas de sofrimento. Quantas vezes fizemos a experiência que, graças à fé, saímos de situações difíceis e desesperadoras? Às vezes não é fácil acreditar quando vemos diante dos olhos as milhares de mortes do Coronavírus e das guerras como na Ucrânia. Mas mesmo nestas situações estremas de dor e de morte, aparecem os sinais de vida e de reconstrução. A doação sem restrição de médicos, enfermeiros e voluntários, a solidariedade e a acolhida oferecida às vítimas nos mostram que ainda existe esperança de uma humanidade ressuscitada. Estas pessoas nos deixam um exemplo muito significativo de homens e mulheres ressuscitados que têm os ouvidos, os olhos e o coração abertos para escutar o grito do outro e perceber suas necessidades, São pessoas transfiguradas que transformam as vidas de milhares de vítimas da indiferença, desamor e violência. É na experiencia das ressurreições cotidianas no acolhimento, no amor, na partilha e na cura que saboreamos o gosto da Ressurreição Definitiva.

Viver como ressuscitados implica pois em atitudes e comportamentos que refletem os de Jesus, muitas vezes também sofrendo perseguições, calúnias, e até a própria morte. Sempre existe a tentação de nos fecharmos em nós mesmos, nos lamentando dos infortúnios e da falta de sucesso. Parece muitas vezes que queremos ficar nos nossos sepulcros sem coragem de rolar as pedras da frente. As vezes não aguentamos o peso da cruz que carregamos e que vemos nas costas de tantas outras pessoas. Mas para quem tem fé na Ressurreição não há limites para fazer o bem e para empenhar-se na construção de um mundo de fraternidade e de Paz. É na entrega da própria vida para uma convivência e um mundo melhor que o cristão dá testemunho que Cristo está vivo nele.

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